Eu tava exausta, por mais que eu não quisesse abrir mão de nada daquilo que já tínhamos planejado, nem do futuro que bem ou mal queríamos dividir e dos filhos que entre uma briga e outra ganhavam nome e apelido, eu não tive outra saída, você não me deu a chance de escolher por outro caminho, e olha que eu tentei por diversas vezes pegar uma rota de emergência e te puxar comigo, mas você parecia atolado demais aquele nosso lamaçal pra vir comigo.
Eu poderia ter tentado enfiar nessa sua cabeça turrona que se a gente fizesse a nossa parte direito tudo acabaria bem, mas tem coisas que não adianta a gente tentar fazer se o outro não estiver disposto a entender, a aceitar, a ajudar. E você não tava. Pelo menos não mais. E eu nem te culpo por isso porque eu sei que nós mesmos é que fomos nos desgastando com tantas idas e vindas e idas e vindas e idas que não voltaram mais. Nós nos tornamos uma bagagem pesada demais um pro outro e parecia até castigo ter de nos carregar nas costas.
E mesmo assim eu teria tentado mais se eu sentisse que existia alguma possibilidade de voltarmos a ser aquele casal do começo, leve, feliz, que vivia e transbordava paz. Se eu achasse que você também achava que valia a pena. Porque no fundo eu só queria que fossemos aqueles dois apaixonados que dividiam uma panela de brigadeiro enquanto sonhavam em morar num sítio cheio de animais e uma hortinha e uma rede pra balançar no final do dia. Só queria que você me falasse que eles ainda estavam ali escondidos dentro de nós e que dava pra salva-los se nos segurássemos com força um no outro. Mas você soltou a minha mão. E eu despenquei.
É claro que eu podia ter feito alguma coisa. Podia ter gritado, armado escândalo, dito que um amor como o nosso não acontece todo dia e que ia fazer falta uma falta da porra quando a gente acordasse de madrugada com a cama vazia do outro lado, mas você também não fez nada quando me viu tirar todas as minhas roupas do armário e preencher três malas antes de cair fora. Você também não tentou me segurar pelo braço e me fazer desistir daquela ideia tosca e nem me abraçar com força e dizer que ia ficar tudo bem.
Porque não ia. A gente sabe. Mesmo que nós dois quiséssemos. Mesmo que cê tivesse comprado um vinho e eu feito a nossa massa favorita e a gente transasse no sofá ao som de Jonh Mayer. O final era inevitável. Eu podia ter insistido. Você podia ter pedido. Eu podia ter fingido que tava tudo bem e que você se importava com o rumo que aquilo tomaria, mas isso antes teria feito diferença. A gente sabe. Porque já não tinha mais motivo preu ficar. E então você me deixou ir.
Porque não ia. A gente sabe. Mesmo que nós dois quiséssemos. Mesmo que cê tivesse comprado um vinho e eu feito a nossa massa favorita e a gente transasse no sofá ao som de Jonh Mayer. O final era inevitável. Eu podia ter insistido. Você podia ter pedido. Eu podia ter fingido que tava tudo bem e que você se importava com o rumo que aquilo tomaria, mas isso antes teria feito diferença. A gente sabe. Porque já não tinha mais motivo preu ficar. E então você me deixou ir.
Eu podia ter insistido mais, mas não tinha mais motivo preu ficar
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